
A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) participou, nesta terça-feira (15/07), da primeira reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, liderado pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O encontro, realizado em Brasília, reuniu representantes do setor produtivo nacional e membros do alto escalão do governo federal para discutir os impactos da tarifa extra de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.
Representando o presidente da associação, Tales Machado, o superintendente Giovanni Francischetto, integrou o grupo de líderes industriais convidados e teve a oportunidade de se manifestar durante a reunião. Em sua fala, destacou a representatividade e a importância do mercado americano para o setor brasileiro de rochas naturais, que tem nos Estados Unidos seu principal destino exportador. Reforçou ainda a necessidade de negociação da tarifa como medida essencial para preservar a competitividade do arranjo produtivo nacional. A participação do setor de rochas no encontro foi articulada pelo Governo do Espírito Santo, por meio do governador Renato Casagrande, junto ao vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, reforçando o protagonismo capixaba na defesa do segmento e na busca por soluções diplomáticas.
Durante o encontro, foi relatado que diversos setores da indústria já enfrentam impactos concretos da medida, incluindo a suspensão temporária de pedidos por parte de importadores norte-americanos. No setor de rochas naturais, esse movimento também já é percebido.
“Exportadores brasileiros têm recebido comunicações de clientes solicitando a retenção de embarques até que haja clareza sobre os prazos e a efetiva aplicação da tarifa, prevista para 1º de agosto”, afirmou Francischetto no encontro.
Geraldo Alckmin ouviu representantes do setor de rochas naturais e de outros segmentos da indústria nacional, como Embraer, CNI, FIESP, ABIMAQ, ABICALÇADOS, ABAL, ABIT, ABIMCI e IBÁ. O encontro contou ainda com a presença de ministros e autoridades de diferentes pastas, incluindo Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Simone Tebet (Planejamento), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), além de representantes do Itamaraty. Houve consenso entre os participantes do encontro de que buscar novos mercados não é, neste momento, a solução mais eficaz, e que o governo brasileiro deve intensificar o diálogo diplomático com urgência, tentando prorrogar o início da vigência da tarifa, prevista para 1º de agosto, por pelo menos 90 dias.
A criação do comitê foi anunciada no dia anterior (14/07) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conjunto com a regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica. A iniciativa tem como objetivo coordenar ações estratégicas do governo brasileiro em resposta a sanções comerciais impostas por países parceiros.
Considerando esse cenário, a Associação Brasileira de Rochas Naturais está articulando uma série de ações institucionais e buscando apoio internacional para mitigar os impactos da medida. Entre as iniciativas em andamento, destaca-se o diálogo com o Natural Stone Institute (NSI), dos Estados Unidos, que organiza nesta semana uma agenda em Washington com entidades representativas de importadores americanos, com o objetivo de buscar esclarecimentos junto ao governo norte-americano.
Além disso, a Centrorochas mantém contato com a Emerald, maior organizadora de eventos do mundo e responsável pela KBIS, feira referência nos Estados Unidos. O CEO da empresa enviou uma carta ao governo brasileiro, por meio da ApexBrasil, destacando a relevância estratégica dos setores de rochas naturais (representado pela Centrorochas) e móveis (representado pela Abimóvel) para a economia local.
A associação também está em diálogo com a ApexBrasil, colocando-se à disposição para participar das rodadas de negociação com representantes do governo norte-americano, reforçando sua postura colaborativa e propositiva frente aos desafios impostos pela nova política tarifária.
Peso do mercado americano
Em 2024, os Estados Unidos responderam por 56,3% das exportações brasileiras de rochas naturais. No primeiro semestre de 2025, o setor registrou um recorde histórico, com US$ 426 milhões exportados ao mercado norte-americano, crescimento de 24,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Espírito Santo, principal estado exportador, foi responsável por mais de 94% desse volume.
A Associação Brasileira de Rochas Naturais segue acompanhando de perto os desdobramentos do cenário e atuando de forma ativa junto às autoridades e parceiros institucionais, com o objetivo de contribuir para soluções que assegurem a previsibilidade das relações comerciais e a manutenção da competitividade do setor no mercado internacional.
A seguir, os representantes do setor produtivo presentes na reunião do Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais:
- Francisco Gomes Neto, Presidente da EMBRAER;
- Ricardo Alban, Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
- Josué Gomes da Silva, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP);
- José Velloso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ);
- Haroldo Ferreira, Presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS);
- Janaína Donas, Presidente-Executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL);
- Fernando Pimentel, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT);
- Paulo Roberto Pupo, Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
- Paulo Hartung, Presidente Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ);
- Armando José Giacomet, Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
- Rafael Lucchesi, CEO da Tupy;
- Giovanni Francischetto, Superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (CENTROROCHAS);
- Edison da Matta, Diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS);
- Cristina Yuan, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil;
- Daniel Godinho, Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG;
- Fausto Varela, Presidente SINDIFER;
- Bruno Santos, Diretor Executivo ABRAFE;
- Alexandre Almeida, Diretor RIMA.
Veja também
Rodada de Negócios em Dubai ...
30 de dezembro de 2025
Comitê Gestor do It’s Nat ...
30 de dezembro de 2025
Brasil firma MoU com o Porto ...
27 de novembro de 2025










